Em abril, a publicação inglesa Business of Fashion em parceria com a empresa de consultoria McKinsey & Company, lançou uma nova versão de seu estudo “State of Fashion”, documento que analisa o mercado e propõe tendências da moda. Atualizado para refletir a realidade do setor, o estudo apresentou um panorama repleto de transformações, no qual a indústria deve olhar com mais atenção para as soluções digitais, repensar a sua relação com o sustentável e ter resiliência.
O documento (disponível em inglês aqui) destaca que a indústria da moda já estava em transformação antes da pandemia, e agora deve fortalecer esses novos conceitos para se reinventar. Os dados apontam para um período de recessão seguido por um cenário em transformação e redesenho de toda a cadeia de valor. A previsão é “uma crescente antipatia com modelos de negócios que produzem resíduos e expectativas elevadas para ações sustentáveis ??e direcionadas a propósitos”.
O estudo mostra ainda que o consumismo exagerado deve diminuir, já que as pessoas estão mais inseguras. Com isso, elas escolherão melhor onde e o que compram, priorizando características como sustentabilidade. De acordo com uma pesquisa, 15% dos consumidores dos EUA e Europa querem comprar roupas mais sustentáveis ecológica e economicamente.
Apesar da queda inicial por conta da insegurança frente ao cenário, as compras on-line têm impulsionado diversos mercados, incluindo o da moda. No Brasil, as compras feitas por e-commerce cresceram 36% na primeira quinzena de abril, de acordo com a Nuvemshop, plataforma que agrega sites de compras on-line e conta com a participação de mais de 30 mil marcas na América Latina.
Segundo a Nuvemshop, o setor de moda aumentou as vendas em 53%, impulsionado por promoções. O relatório “State of Fashion” mostra que essa tendência de liquidação deve permanecer pelo resto do ano, fazendo com que as empresas busquem outras formas de atingir os consumidores.
“Para melhorar suas perspectivas de longo prazo, as marcas precisarão adaptar estratégias de descontos, alinhando promoções aos seus vários canais e implementando um calendário revisado de produtos que reflitam o ‘novo normal da moda’. Elas também precisarão reinfundir valor para que valha a pena aos consumidores comprar a preço total”, explica o texto.
Caminhos digitais
“Se há um período para turbinar o digital, esse período é agora”, diz o documento, destacando a importância da presença digital, enquanto os meios físicos estão fechados. Redes sociais, lives, entre outras soluções são algumas das soluções que demonstram trazer resultados neste período.
“Bate-papos por vídeo entre marca e comprador e transmissões com curadoria de influenciadores foram bem recebidos”, explica a pesquisa, que falou com companhias chinesas que aderiram às novas práticas. Dados indicam streamings no Taobao, site de vendas chinês, aumentaram 700%.
Novos tempos
Embora os tempos sejam difíceis, fica claro que a recuperação do setor de modas está atrelada a mudanças no comportamento das empresas, e sua relação com os consumidores.
“Agilidade e adaptação serão essenciais na crise. Mas quando os primeiros sinais de normalidade começam a surgir, o conselho é que as empresas não sejam complacentes. Em vez disso, eles devem dobrar medidas de recuperação e resiliência, já que serão tempos de transformação sem precedentes para a indústria da moda. Só então as empresas podem começar a decifrar seu ‘novo normal’”, conclui o estudo.
(Foto de Andrea Piacquadio/Divulgação)